17 de novembro de 2010

Oração ao tempo

O TEMPO passou por mim. Passou, mas não deixou seu TEMPO parar. O TEMPO que me era amigo passou a ditar verdades. Não somente as verdades sinceras, mas as verdades que só o TEMPO sabe. Aquelas que o TEMPO não apaga, mas que só são reveladas no TEMPO certo. TEMPO, meu TEMPO, peço que passe devagar. Imploro que deixe os pequenos tempos terem seu TEMPO prolongado, para que eu não sinta a dor do TEMPO perdido. O que não pode voltar, que descanse o TEMPO necessário, até que o novo TEMPO inicie a sua jornada. TEMPO, gire mais lentamente os ponteiros do relógio. Deixe que o TEMPO da noite tenha as horas dos meus sonhos e os dias o TEMPO das articulações da minha mão. Leve o TEMPO ocioso contigo e me deixe apenas a parte do seu TEMPO que me faz feliz. Que o TEMPO inútil transforme-se no balançar da rede e o produtivo ganhe um balanço natural. TEMPO, meu TEMPO, acostume-se ao meu TEMPO. Deixe-o te mostrar que todo TEMPO tem o seu valor próprio de TEMPO. Não há antes, nem durante e, muito menos, depois. Só há TEMPO. E TEMPO do bom. TEMPO do TEMPO certo e não do TEMPO que não volta. TEMPO, siga seu TEMPO e desenhe o meu caminho. Escreva poesias para eu alimentar meus devaneios enquanto faço o meu TEMPO andar. Molharei o chão do TEMPO com meu suor, que secará enquanto leio as palavras rabiscadas no TEMPO. O alimento do TEMPO não me faltará enquanto eu buscar pelo meu TEMPO. Assim, eu seguirei pelo TEMPO que for. For necessário. For do TEMPO. O TEMPO não me mostra respostas, mas o TEMPO em que vivo me deixa escrever as perguntas.