7 de outubro de 2010

Keep walking

Andar na corda bamba. Difícil de movimentar-se e arriscado demais para quem não consegue levantar-se da queda. Correr riscos faz parte de uma vida que progride, mas viver deles pode levar ao alcance de um cansaço fatal. Torna-se difícil perceber quando as pontas que seguram linhas passam a não segurar mais. O corpo acostuma-se ao movimento e, lentamente, passa a entendê-lo como estável, possível de caminhar. A falsa confiança de quem anda no limite de cair é o que faz esses andarilhos continuarem se equilibrando. Até que um dia as pernas não aguentam mais. Caem da mais alta altura que é possível de subir. O corpo segue o seu impulso natural e agarra-se ao que estiver por perto, na tentativa de salvação e sem qualquer tipo de responsabilidade ao que carrega consigo. Cordas paralelas suportam pessoas que correm o risco de caírem juntas; uma corda bamba balança uma estável. Não importa o quão firme está uma corda, se você não afastar as que desestabilizam a sua, a queda do outro vira a sua. Para alinhar cordas, é preciso que o que prende as extremidades de uma faça sentido à outra e que, juntas, se afinem e produzam harmonia. A afinação entre cordas é a mais complexa música a ser encontrada e ainda não há partitura que comporte sua complexidade. Às vezes, surge uma melodia na mente do mais brilhante músico e ali ela morre. Falta o papel certo. Aquele que carregará o segredo mais antigo e valioso da existência das pessoas que (com)vivem pessoas: o que une dois e separa um de um.

3 de outubro de 2010

Chão

Ir, vir, ficar ou partir
Não importa a direção
E se irão te seguir
Somente os próprios pés te levarão
Saber o que se tem
E o que permanecerá
A liberdade de seguir
E tudo que podes levar
A pulsão ganha vida
Os caminhos se abrem
Pelas mesmas pedras ou novas
As pernas seguem