7 de outubro de 2016

Simples



Eu quero a diferença
Entre pontos opostos
Entre as proximidades que não toco
Longe daqui
Perto de mim
Quero a tolerância aos outros
A paciência que não dói
O tempo que não se esvai
As palavras do silêncio
Eu quero você perto
Você que não sei
Você que tem a mim
Você que não chegou
Quero brincar com o futuro
Sem machucar o presente
Viajando com humor
Retornando com sabedoria
Eu quero o melhor de mim
Dentro do lugar que encaixo
No tamanho dos meus sonhos
Na medida do que posso
Quero outra vida
Semelhante a essa
Com as mesmas pessoas
As mesmas dores
E outras felicidades
Eu quero pensar sem forma
A beleza estonteante do simples
E uma xícara de café
Ser diferente sem ser
Querer mais com razão
E no fundo, apenas ser assim

11 de setembro de 2016


Eu não sei direito o que faço
Confundo a mente e engano o corpo
Minto para a sombra
Ela ri
Ela sabe

O espelho não me olha mais
Tem medo da pessoa do outro lado
A violência que sai de mim é branda
Caminha devagar
No caminho frio da destruição

O cálculo é exato
Certeiro como a onda que me afoga
A água que desejo não é essa
Ela sai do seu corpo
E mata

Eu peço por fome
Por mim
Engole o corpo que está aqui
E peço por mais
Mas não por menos

Saia
Despeça-se de mim
O último gole nem sempre é o melhor
Mas é o gosto que fica
Esperando pelo novo próximo

A palavra final já foi dita
Sem mais volta
Se repetida
Saudade fica

Olho para frente
O pescoço estranha

Peles

Ela passa
Como quem tem a vida aos pés
Você apenas olha
Como quem não tem nada a perder

Ela te olha
E você percebe
Perdido entre tantos
Podendo encontrar ela

O impulso ultrapassa portas
Segue pelos corredores quase vazios
Cheios de gente
Só por ela

E ela te desafia
A deixar que comece
Que deixe de ser fantasia
Deixe-a ser

Enquanto concreto é apenas o chão
Você diverte-se com a lembrança
Do certo cheiro que roubaram
E os fios não esquecem

Mas ela ali fica
No lugar seguro
Aquele longe do primeiro passo
No próximo tropeço
Aqui, perto das mãos
Será?


27 de julho de 2016

Procurando por elas


Pediram-me palavras
Poesia que saía de mim ao encontro do outro
Que cortava meus pedaços
Até o sorriso dele

Minhas letras estão aqui
Alternam ordem e desordem
Procuram por palavra, união

A busca pelo próximo estimula
Dedos frenéticos
Nostálgicos
No teclado da vida

A inspiração segue a linha da ponte
Luzes e movimentos que não param
A tela mostra minha poesia
Ou o que consegui juntar de palavras

O sofrimento era meu guia
Cultivava cada gota dele
Criava, aumentava, estimulava
E usava como tinta da minha caneta

Hoje eu quero sorrir
Mas ainda não conheci as letras
Vou borrando com o que há
Enquanto tenho uma janela com vida lá fora                                      

29 de fevereiro de 2016

I've been waiting for you

Olhos cor cinza e coração de pedra
Alma mole, sem Maria
Eu digo o que sinto
E você não sente um sussurro

Faço uma prece por você
Em nome de seu pai, sua mãe e no meu
Oro pelo bem que vive dentro
Que possa viver fora
Que venha viver em mim

Lembro de quando você ainda estava
Sempre perto
Inconstante
Imperfeito
Incompleto
Meu
Metade meu
Sempre seu

E hoje você me diz ser um problema
Meu caso perdido perfeito
Os meus olhos que ninguém quer ver
Os seus que só eu vejo

Então, não me diga que não há
Que tudo é parte da sua viagem espacial
A verdade é que não está sozinho
O líquido que mata uma vez
Quando retorna
É veneno de dois

Não há tempo suficiente para resistir
Não sobra tempo para desistir
Eu permaneço ereta por amor
E me desdobro para seguir pelo chão

A paciência que preciso escorre
Perco litros por dia
O que me mantém de pé
É a força da força que me vê cair

E eu te vejo
Ao longe
E a saudade faz tudo voltar
“Aquela metade ainda é minha”
Grito
Até você virar a próxima esquina
Sina minha