22 de julho de 2017

Vermelho





A distância relativiza
Confunde
Intensifica
Traz de volta o que não era para estar aqui
Ou faz de conta
O fantasma acordou
Veio com aquele toque que só ele sabe
Suspirou no meu ouvido
Palavras que só eu sei ouvir
Que confundem apenas uma mente
O vinho está parado à frente
Vermelho cor de sangue
Seco
Molhado
7 dólares de pura ostentação
Sem rolha e vergonha na cara
Ele me encara como se pudesse mudar minha vida
Pobre dele… Mal sabe o que mora pelas redondezas
Falta ideia sobre o que ficou esquecido
Você pensa nisso
Eu sinto que pensa
A cada palavra que você imagina dizer
Eu respondo em pensamento alto daqui
A uma distância de vida, estamos conectados
Eu te escuto com a clareza da sua escuridão
Você ilumina o que resta de claro na minha
Queria seu toque agora
Ou o que me lembro dele
Ou o que lembro de você
Não sei o que somos agora
Mas as pernas que tanto andam sentiram falta da nossa escada

Ou talvez seja só a distância
Ou o vinho

14 de julho de 2017

Nova fé naquilo que ali já estava

Busco por um caminho de fé. Mesmo sempre tendo confiado na minha, a vontade inexplicável de encontrar mais sentido nas coisas que acontecem na vida, independente da nossa vontade, cresce com uma força nova. Tento não me prender à tendência de apenas confiar no destino, deixando ele seguir seu caminho e cruzar com o meu. Quero ter a força para ter humildade e reconhecer que preciso de mais. Rezo para tudo que é do bem, que traga o que é bom para mim. Não vou abandonar minha capacidade de fazer por mim, mas preciso de mais para alcançar mais.
Chegar onde hoje as mãos não tocam.
Estar próxima do que imagino ser para mim, mesmo sem saber o que é.
Caminhei muito e ainda caminho.
Minhas pernas aguentam a pressão de carregar tudo o que está dentro de mim. Elas são corajosas e não temem os meus temores. Apoiam-se nos bravos e calejados pés, sujos por tudo que já tropeçaram; limpos por toda a bondade que pode ser carregada no coração dos que tocam o meu.
Hoje consigo abrir mão do muro, das estacas de madeira envelhecida que sustentavam um espírito que já caminhava sozinho. Então, venha fé. Meus pés vão compartilhar com você o caminho que preciso. Eles sabem melhor o que é melhor para mim.
Podem seguir em frente e eu estarei junto, rezando para que fiquemos todos bem.

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Não sei por onde começo. Sei onde estou, mas estou em vários lugares. Pulei o mundo. Vim para o outro lado em busca de sentido. Sabe-se lá o que isso significa. Um novo ou uma releitura do que era o antigo, se é que este ainda existe. As conjugações do haver não param. A cada esquina, surge uma. Melhor, mais clara ou uma plena e calma escuridão. Aqui o escuro não assusta. Sou capaz de caminhar horas sem olhar para trás, pelo menos sem o movimento corporal que move os olhos para o que já passou. Isso é bom. Treina as pupilas a verem melhor, a enxergarem os passos com a clareza de um felino, com o mesmo brilho dos olhos que ainda não consigo explicar. Tento a comunicação dos que ainda não dominam a arte de falar e ouvir e vice-versa. Como uma criança, uso o tato e a sensibilidade que achei ter perdido nos anos do crescimento. Olho nos olhos, leio as bocas e deixo o corpo aprender o resto. Minha cabeça tenta acompanhar todas as novidades que ainda restam absorver. E são tantas! Sinto-me cansada cedo. Acho que o processo de aprendizagem é assim. Exaustão de todas as formas, sem diferenciar dia e noite ou a inversão deles na terra de origem. E ela está tão longe que aperta o peito e depois desafoga. Lavo a alma todos os dias com o simples fato de acordar. A gratidão que não cabia no meu peito agora encontrou um lugar do seu tamanho.