Asas à imaginação e vida aos
sonhos. Assumo meu compromisso com a vida e assino meu nome na areia. A água
vem e apaga. Assino de novo e quantas vezes mais forem necessárias. Sonhos nascem
e renascem e transformam-se em outros. Multiplicam-se para quem os faz valer
a pena. Realize um e você terá direito a mais três. Sem mágica e com muita
realidade. Não há nada mais real do que sonhar. Elevar a vida a um patamar onde
não nos deixamos controlar pelo que foge das mãos. Uso a mente para querer e as
mãos para escrever sobre o que ainda não sei querer. O que quero vira sonho. Sonho
de um, sonho de dois, sonho de dois que querem ser um. Sonho junto. Sonho conjugado.
Ao lado. Perto. Sonho para ser vivido e não deixado. Sonho de verdade vive
acordado.
31 de outubro de 2011
9 de outubro de 2011
Não digo ponto
Busco conforto
nas palavras imagináveis. Elas me dizem um mundo melhor, vida calma. Fazem
aparecer o caos e o silenciam em seguida. Olho ao redor do meu corpo e nada
parece contemplar o sentimento de não estar aqui. Quero diferente. Tirar as
correntes que me prendem ao que passou e passar a acreditar que o presente é
diferente. O que separa o diferente do novo é o apego. Pego o que preciso para
continuar e preciso deixar visões cegarem-se. Comerem-se. Devorarem-se.
Matarem-se. Não interfiro na dor que surge. Ajo inconscientemente. Não
atravesso portas e não olho no espelho, pois o reflexo delas também fere.
Invento uma palavra nova por diversão. Seus significados e sinônimos impedem
que o oposto fale. Somente o bom se pronuncia. A palavra é minha e seu som é música
para meus ouvidos. Desenho seu formato com a pouca habilidade que tenho para
isso. Ângulos e assimetrias. Sem mais linhas e pontos. Seus cortes e furos não
geram melodia. Halo de tristeza. E eu quero é estender os lábios. Aos lados.
Lados secos. O suor é o único a transpor a pele. Minha palavra quer viver. Sair
de dentro e entrar para fora da mente. Existência real pode ser melhor do que
repetir-se aqui. Ganhar antônimos é saudável à sobrevida. Fugir do espaço não o
faz desaparecer. Ele me acompanha e seus pesadelos acompanham meus sonhos,
acordados ou não. A palavra é pronunciada e seu efeito perde força. Sua potência
era interna. A realidade não a merece, não a que construí, não a que permiti. Desvio
do que está vindo. Vou destruir sua estrutura e me encaixar nos ângulos que
confio. A palavra sorri. Sabe que ali cabe. Mas ângulos surgem de linhas, não
adianta fechar os olhos. Ali estão e aqui vão permanecer. Canso. Ela cansa. A
força das duas repensa se vale a pena. Eu continuo. Minha palavra se mata com
um ponto.
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