Busco conforto
nas palavras imagináveis. Elas me dizem um mundo melhor, vida calma. Fazem
aparecer o caos e o silenciam em seguida. Olho ao redor do meu corpo e nada
parece contemplar o sentimento de não estar aqui. Quero diferente. Tirar as
correntes que me prendem ao que passou e passar a acreditar que o presente é
diferente. O que separa o diferente do novo é o apego. Pego o que preciso para
continuar e preciso deixar visões cegarem-se. Comerem-se. Devorarem-se.
Matarem-se. Não interfiro na dor que surge. Ajo inconscientemente. Não
atravesso portas e não olho no espelho, pois o reflexo delas também fere.
Invento uma palavra nova por diversão. Seus significados e sinônimos impedem
que o oposto fale. Somente o bom se pronuncia. A palavra é minha e seu som é música
para meus ouvidos. Desenho seu formato com a pouca habilidade que tenho para
isso. Ângulos e assimetrias. Sem mais linhas e pontos. Seus cortes e furos não
geram melodia. Halo de tristeza. E eu quero é estender os lábios. Aos lados.
Lados secos. O suor é o único a transpor a pele. Minha palavra quer viver. Sair
de dentro e entrar para fora da mente. Existência real pode ser melhor do que
repetir-se aqui. Ganhar antônimos é saudável à sobrevida. Fugir do espaço não o
faz desaparecer. Ele me acompanha e seus pesadelos acompanham meus sonhos,
acordados ou não. A palavra é pronunciada e seu efeito perde força. Sua potência
era interna. A realidade não a merece, não a que construí, não a que permiti. Desvio
do que está vindo. Vou destruir sua estrutura e me encaixar nos ângulos que
confio. A palavra sorri. Sabe que ali cabe. Mas ângulos surgem de linhas, não
adianta fechar os olhos. Ali estão e aqui vão permanecer. Canso. Ela cansa. A
força das duas repensa se vale a pena. Eu continuo. Minha palavra se mata com
um ponto.
9 de outubro de 2011
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