Mais uma pele se foi. Secou para o nascer da próxima. Mais uma
de muitas que se despediram da vida sem mais sentido. Outra surge para o seu
lugar ocupar. Proteção nova para a carne usada. Os músculos pensam aguentar a
regurgitação. Colocam para fora pedaços soltos do que um dia foi parte sua. O preparo
para cada centímetro novo esbarra na dificuldade do desprendimento. Deixar ir o
que não lhe cabe mais. O novo empurra, expulsa com sua energia. Contrações de
renascimento. O corpo sabe o melhor para si, mas enfrenta o duelo impossível de
fim entre pensar e sentir. Pensamos ser o que queremos sentir e acabamos
sentindo o que não podemos ser. Duelo de polaridades iguais que jamais
completas serão. Apenas forças opostas, que caem por igual quando o cansaço
domina o corpo. Corpo exausto, pele em ruínas. O fim não existe. E o recomeço
não é complacente com quem abusa da estrutura que lhe mantém. Material perecível,
porém resistente às angústias humanas. Para reerguer-se é só deixar a nova
nascer. Arranque pelas pontas libertas e deixe-as cair pelo chão. Chore pela
ardência da carne viva, não pela morta. Deixe que essa vire adubo. Quem sabe
uma margarida não nasça... Coisas belas podem surgir de algo adoecido, mas a
cura vem de curar-se. Reflexão do verbo. Flexão da vontade. Vontade de ação.Reação.
19 de setembro de 2011
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