11 de janeiro de 2012

Meu olécrano apaixonou-se pela superfície

Recolho os cacos. As lágrimas caíram ao chão e ferem os pés. Fecho a porta para que meus barulhos não façam barulho à minha volta. A falta do soluçar deixa seu vazio; aquele cansaço que, por alguns segundos, faz aparecer uma falsa calma. Sem ele, os vidros cortam sem recompensa. É em vão. A dor permanece ativa e os sorrisos a quem não a escuta enche seu ego. Ela cresce, querendo aparecer e mostrar-se viva. Eu apenas sobrevivo à sua força, vencendo as contrações involuntárias do diafragma. Calando-as. As melodias iniciam seu trabalho. Acompanhadas por suas palavras, ganham espaço, tomam ouvidos, invadem a alma. Esse órgão intocável se desvencilha, protegendo-se de mim para mim. Os olhos te procuram. Limpo os dedos que limpam os olhos e nada veem. Busco na face o reflexo que não é meu. Quero ver mais. Ou sentir menos. Recolho alguns cacos e guardo. Amanhã pode não ter memória. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário