10 de agosto de 2010

Articulando

Em meio a desestruturações e re(des)transformações o chão perde solidez. O equilíbrio das pernas se confunde ao trêmulo caminhar das mãos. Segurar o cigarro entre dedos passa de vício relaxante à pulsão corpórea burra e repetitiva. Nada mais vem a dizer. Apenas a relembrar o que já foi dito e deveria ser esquecido. Não almejo repetir erros resolvidos e sofro intolerância a quem tenta reviver os seus. O presente já carrega falhas por si só e agregar os que não lhe pertencem só atrasa o trabalho dos meus joelhos. Não existe um desenho para me guiar, um mapa que ensine as novas direções e coordenadas. Tomar litros de paciência a fim de absorver sabedoria pode ajudar. A vantagem de ser sobrevivente do caos é a renovada capacidade de enxergar as pilastras que surgem. Quando as mãos de uma vida não te suportam mais, sempre há uma nova para ver-te com olhos sem passado e toques vislumbrando algo mais e a mais. Essa é a graça do desconhecido acontecer e abandonar a utopia não desejada. Causa medo no início, é capaz de paralisar as pernas, enlouquecer os amantes da razão e, por fim, torna possível o encontro com novos pés para andarem sincronizados aos seus.

2 comentários:

  1. perfeito

    Segurar o cigarro entre dedos passa de vício relaxante à pulsão corpórea burra e repetitiva.
    concordo

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  2. Si..." estou tão cansado...mas não para dizer...que não acredito mais em você...!! com minhas calças vermelhas..meu casaco de General...cheio de anéis..eu vou fumando por todas as ruas..! quem sabe um dia eu volto..a não sentir as ilusões do joelho...as dores que fumaças "noir´s" entre o quilate de não beber o conceito da intolerância. Perfeito...seja tua escrita..que demanda a tua pequena "Ilha de edição" de "e-topia". és uma Lispector..talvez. Seja assim.."vício criativo da tua escrita é teu samba assim". Claro e farto como os vícios que articulam teu raciocínio.!!
    Saraváh !!

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