21 de março de 2012

Las escaleras de mi Argentina

A tristeza dos olhos à frente faz chorar o olhar meu. Miro longe, acerto o que não vejo e tateio a superfície que me suporta. A porta quase fechada deixa uma brecha na qual tento encontrar os significados perdidos por você. Procuro-os na penumbra mantida pela luz tímida que emana do que não temos coragem de encarar. Seguramo-nos um no outro para fugir das lembranças do escuro, aquele que prende os pés nos sonhos ruins e impede o acordar. Você me diz que vai ficar tudo bem, enquanto seus olhos contorçam-se para caber dentro do corpo e impedir que as lágrimas caiam ao chão. E secam pela necessidade de expelir a dor. As rachaduras criam uma beleza estranha aos olhos de fora. O sofrimento tem uma beleza artificial de felicidade, necessária para continuar não vendo o que já é insuportável ao restante do corpo. E da mente. E da alma. Eu ofereço minha mão e você a coloca longe da pele. Sentir o toque pode fazer as cicatrizes da pele voltarem a sangrar nos dois. Assim é confortável, amenização sadomasoquista da memória. Firmo a outra mão sobre sua nuca e fixo meu olhar no seco, no belo. Tento tirar dali a razão encontrada ali quando olhei aquele lugar pela primeira vez. Ela continua ali. Eu sei que está. Coberta de um passado que não volta e um presente que não se vê. Mas está. E eu a quero de volta. Sentada ao meu lado nos degraus da nossa escada. Segurando vontades. Segurando o que cabe. Sus ojos miran para el espacio donde vive el pedazo de mi alma que no puedo ver. Conozca lo que no puedo tocar y dígame con su piel.

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