31 de março de 2012

Ponto comum de paralelas

O poeta diz escrever o que pensa, mas escreve para sentir de outra forma o que sentia até então. Desvenda o mundo imaginário dos infinitivos para transformá-los em palavras. Escreve um sim e o combina com um não, faz os opostos aproximarem-se e produzirem rima. Dê à mão do poeta uma caneta e por baixo dela um papel. Verá surgir dali a mais bela das dores, recém-descoberta ou além vida de vida. O poeta transpira vivências atemporais. Nada se perde na mente de alguém que pensa em versos. Não há memória falha para quem acumula inspirações e não há poucas palavras para descrevê-las. O poeta não morre por dor, ele apenas sofre por ela. O corte passa a linhas e a lágrima escorre entre vírgulas, até secar no último verso. Tudo o que brota no processo de cessar o anseio pela visibilidade da palavra gera um novo significado à já pré-concebida definição. O poeta tem o poder de escrever sobre a mesma vivência de variadas formas, com ou sem rima. Sua mente emociona-se ou repudia o sentido, faz dele apenas mais uma forma de buscar tesão para motivar sua escrita. O poeta não se cansa. Ele é capaz de reviver, de manter, de conservar. Seja o que for. Para o sempre necessário. Se deseja ferir um poeta, corte suas mãos. Se quiser mata-lo, leve seu devaneio de versos soltos, sobrevivente da arte de ser variante de si.

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