9 de maio de 2010

Águas de Sertão

Não, eu não vou chorar
Nem me venha com o mais profundo dos sofrimentos
Meu corpo não mais lava as dores
Tudo sai seco
Contrações faciais sem água salgada
A alma parece suja
Não há lágrimas para purificá-la
Morreram naquele momento
Em que chorei pela primeira vez sem elas
E preferi não o fazer mais
Adaptei-me sem água
Não me fazem mais tanta falta
Chorei mortes a seco
Chorei filmes a seco
Hoje, prefiro apenas sofrer
Um instante levou-as de mim
E não lembro qual
Foi por uma estrada
E não sei seguir esta
Não há luz suficiente
Fiquei com medo do escuro
Não deixei de sentir
Cada sensação é potencializada
Quando não se tem como expulsar
Acabam vivendo aqui dentro
Sem saídas de emergência
Mas elas saem
Um dia saem
Quando viram uma doce nostalgia
E suprem a vontade do sabor
Encontram um novo sorriso
E não precisam mais banhar-se em águas salgadas

2 comentários:

  1. Relembrar de tristezas é sempre incomodo. Mas ver que elas foram superadas, traz força e um novo sentido para a vida, sempre, independente das inúmeras vezes que foram lembradas.
    As palavras são suas verdadeiras lágrimas.
    Então, chore bastante, pq os resultados são sempre maravilhosos. Faz bem tanto a nós que lemos, quanto a vc que escreve.

    emocionante.

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  2. vcs tao inspiradas ehn... texto e comentario =)

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