13 de abril de 2010

Aquele do bom

Há certo tempo atrás, em algum botequim à beira da praia, com muitas cervejas e mais dois amigos inspirados, veio à tona um assunto que muito me intrigou. Meu antigo companheiro de farras, hoje pai de família, confessou o seu fascínio pelo medo e este não saiu mais da minha cabeça. Não quero abordar aqui o medo comum. Medo de morrer, de ficar doente, de altura, de barata etc. Aliás, para quem tem problemas com este bichinho, recomendo “A paixão segundo G.H.”, da Clarice Lispector. Quero falar do medo bom, o que te puxa para frente, se você deixar. Sabe aquele medo antes de tomar uma decisão? De escolher um caminho? Então, é desse que eu gosto! E foi o que sempre me perseguiu. Ainda bem. Não sei se isso é sintoma de quem pensa demais. De mentes aflitas, inquietas e exaustivamente “no break”. Observo algumas pessoas tomando decisões tão facilmente e surge a dúvida: Eu tenho medo demais ou o outro que pensa de menos? Prefiro pensar que o outro não pensa! Até porque acredito no meu medo. Credito a ele uma responsabilidade sobre o presente e um preparo para o que está por vir. E onde entram os corajosos nessa história? Não tenho a mínima ideia. Para mim, a coragem é momentânea, decorrência de uma situação esporádica. Não um comportamento comum. Eu saltei de paraquedas; coragem de colocar o pezinho fora do avião. Não considero qualquer outra decisão do dia-a-dia como coragem e sim como fim do medo. Fim de um degrau e início do outro. Parece confuso e é. Talvez nem eu saiba sobre o que estou falando. Só sei que nada sei. Em meio às minhas loucuras sãs, encaro esse sentimento como inerente a qualquer decisão. Algumas surgem potencializadas por ele; outras nem tanto. E cá estou eu, com medo de colocar um texto para fora e ser mal ou nada interpretada. A verdade é que gosto do meu medo. Provavelmente, tudo que fiz de melhor, deu medo antes de ser concretizado. Um friozinho na espinha delicioso, mas só depois que passa. Talvez os usuários de drogas busquem essa sensação. A almejada “viagem” pode ser uma vivência dos medos sem recalques, sem o tormento, e não uma coragem de fazer tudo. É só o friozinho. O homem mais pop do mundo disse “O amor remove montanhas”. Acredito que é o medo de perder o amor. Vou acreditar no meu medo até me provarem o contrário. Se duas estradas surgirem à minha frente, seguirei pela que me der medo.

4 comentários:

  1. soh tenho uma coisa a comentar:
    quem tem cu, tem medo

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  2. (...)Talvez o medo, seja uma casa onde ninguém reside. Talvez seja às provações contra a ansiedade, nas estradas que a vida oferta. É Tati... o termômetro do frio, será que é alguma decisão que esquenta o nirvana da vida ?

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  3. Ai querida, não tenha tanto medo. Se jogue e seja feliz.

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  4. Só existe um medo do qual temos de fugir: o dele mesmo. Enquanto o temor que serve de mola de propulsão para as escolhas dos bravos é bom, existe o medo de sentir medo; e este nos deixa estagnados...

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