7 de abril de 2010

“Batidas na porta da frente, é o tempo...”

Em dezembro de 2009, líderes mundiais reuniram-se em Copenhagen, na Dinamarca, para discutir as mudanças climáticas e acertar acordos para minimizar o impacto ambiental das atividades econômicas. Infelizmente, as principais mentes pensantes (?) da política, economia e ciência chegaram a poucos consensos sobre as atitudes a serem tomadas. Mais uma vez, os interesses sofreram inversões de prioridade. Enfim, mais do mesmo. Poucos meses após este encontro, uma resposta chega, a resposta do tempo. Invernos nunca antes tão rigorosos, verões que derreteram a nossa flor da pele, chuvas avassaladoras. Nossa terra tremeu e evidenciou sua força latente, imprevisível e anti-civilizatória. Uma ironia com sabor de urgência. O tempo, senhor da razão, surge agora como uma resposta sem direito à réplica. Cobrando com duros juros as ações que deveriam ter sido realizadas quando o tempo ainda havia. A lentidão e a burrice dos que nada fazem perderam a oportunidade de voltar atrás, de lidar com o atraso. Este tempo não tolera atraso e as segundas chances são privilégio de quem não brinca com ele. Fico pensando se o tempo que rege a vida de cada um é o mesmo de uma sociedade. Cada indivíduo lida e des-lida com seus atos. Mas como equilibrar uma infinidade de tempos em um só? Como nomear um representante para administrar os nossos tempos, sendo que eles não os mesmo? A resposta do tempo para as guerras, conflitos e destruições não possui uma ação homogênea de desencadeamento. Cada um vai lidar com seus tormentos de um jeito e a razão se diluirá em uma confusão de futuros. Não sei por que a música da Nana Caymmi veio-me à cabeça. “Resposta ao tempo” tem outro contexto, mas o título diz uma vida. Damos respostas e explicações a tudo que acontece, mas cadê a pergunta, o questionamento base de qualquer evolução? Duvido, sincera e dolorosamente, que ainda haja tempo para perguntas quando se trata do nosso sofrido e menosprezado planeta. Em algum momento, tarde ou muito tarde, elas terão que brotar. Façamos perguntas para podermos responder, não só ao tempo e à natureza, mas também à vida.

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