22 de abril de 2010

Fio

Pode levar
Leve cada gota
Não vou ficar mais seca por causa delas
Estou migrando para novos mares
Novos mundos
Longe daquele que era C
ada centímetro de território vai ser substituído
Para não lembrar os que você pisou
Seus pés não me seguirão
É um caminho sem volta do qual não voltarei
Sim, não voltarei
Eu acho
Vou riscar minhas pegadas
Andar sem rastro
Talvez sem rumo
O que sobreviver será guardado
Em uma caixinha de música
Com uma bailarina dançando
Ela será a única a celebrar
Terei saudades de cada melodia
Daquelas que tocaram quando o silêncio imperava
Vou chorar e rir em seguida
Para calar qualquer dor abusada que surja
Aos poucos, minha visão perderá o seu ponto de vista
Seu cheiro virará lembrança
E darei bom dia ao novo
Minha memória será a única vilã
Não encontrei o primeiro passo para ela
Este será o seu legado
A linha tênue que me une ao que restar

3 comentários:

  1. Como anda poética essa menina...
    A memória pode ser mesmo cruel, mas que dance a bailarina!

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  2. Uau !! "Dança do intelecto, nos oceanos "dantes" navegados". Difícil..é não ver os "Inocentes do Leblon". ótimo..!! que a sua Memória e-dite, sempre as suas palavras. E a assim a melodia antiga "saí da caixa" e rompe as linhas de fronteiras, equilibrando os segredos dos girassóis. Viva.

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