29 de abril de 2010

Lição para quando seus ouvidos não bastarem

Como deixei claro na última postagem, estou tendo problemas com as palavras. Portanto, resolvi deixar os devaneios em um patamar bem longe de mim, pelo menos no momento que não sei até quando dura. Vou relatar uma experiência super-hiper-mega-extra-intra-corpórea que tive. Estava eu, muito entediada, devorando o meu ócio com calda de televisão e ouvindo música pelo celular. Tudo ao mesmo tempo e sem a menor capacidade para entreter-me. De repente, teve início a música da minha vida. Sabe aquela melodia que arrepia a sua flor da pele e uma letra capaz de dar nomes ao obscuro? Então, foi essa. Invadiu-me certa necessidade e incapacidade de absorver tudo o que aquela música tinha a proporcionar. Meus ouvidos não davam mais conta, pareciam dois meros espectadores estáticos no show de rock da sua banda favorita! Eu precisava de mais. Desliguei a TV, permaneci em um movimento típico que faço com o corpo quando estou pensando: uma cadeira de balanço só com o tronco. É muito bom, relaxa e parece que estimula a oxigenação do cérebro – coisas da minha cabeça. Enfim, fui tentar descobrir uma maneira de sentir a música como almejava. Não sei por que, mas tive a brilhante(?) ideia de colocar a parte do celular de onde sai o som dentro da boca e fechá-la o quanto é possível. Descobri o paraíso. Não é brincadeira, senti cada nota, cada ruído de voz. A impressão que tive era como se a música invadisse meu corpo sem cerimônias para matar a saudade daquele amigo que não vê há tempos. A vibração saiu da boca e fez uma viagem interna. A música era “Wish you were here”, do Pink Floyd. Até a singela tosse do maravilhoso e idolatrado David Gilmour no início ganhou uma abrangência fantástica. Senti-me dentro de um contexto do qual não sei. E as boas lembranças voltaram em forma de avalanche sonora. Indescritível. Pode ser que mais ninguém que tente isso em casa consiga captar o que eu consegui, mas não ligo. Eu juro que não tomo drogas, nem nada alucinógeno. Quem me conhece sabe disso. Também não havia bebido. Não existem testemunhas. O máximo de companhia era meu cigarrinho velho de guerra, que estava enclausurado no maço de Free light. A única coisa que posso fazer é dar a marca do celular: Samsung Star TV. A partir de agora, sempre que puder, ouvirei com a minha boca!

2 comentários:

  1. mas não esqueça de manter os poros abertos...

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  2. huummmm conta mais dessas experiências vibrantes...how i wish u r here... we'r just 2 lost souls swimming in a fish bowl... year after ear

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