28 de abril de 2010

Título mudo

As palavras estão me sabotando. As proferidas por mim e aquelas que adentram meus ouvidos. Sem saber por que e nem aonde, elas invadem-me sem questionar meu desejo. Cazuza disse-me, certa vez, que mentiras sinceras lhe interessavam... Balela! Eu quero é conviver com o cru. Às vezes, desconfio que estou viciada em verdade. Provavelmente, nem sei o que é isso ao certo e se é possível definir, mas sinto uma urgência em falar. Talvez esteja sofrendo de alguma síndrome da língua inquieta. Minha voz não me cala e não escuto mais o silêncio. Sinto ecos redundantes na minha cabeça, perseguindo outros ecos dentro de um labirinto. E este termina no lugar de algum lugar. Quanto mais falo, mais quero escutar e menos entendo. Por que diabos é tão complicado conseguir equilíbrio de mais de um? Preciso divorciar-me destas palavras que me prendem. Soltá-las para que vivam fora de mim. Deixá-las ao vento. Quem sabe assim elas desenvolvem algum significado, pois aqui dentro não passam de meras redundâncias. Cansei de vomitar ao papel e tentar tirar dali algo compreensível. Até mesmo estas expressadas agora, ao relê-las não verei nada além de um aglomerado de consoantes e vogais tentando um encontro milagroso. Andar na linha divisora do Rio São Francisco com o mar talvez funcione. Eu deveria ter fugido com Bowie para a Space Oddity. Utopias estão cansando... Quero o simples, o tédio, a mente em estado de inércia, o cru. Uhmmm deu vontade de comer japa!

3 comentários:

  1. Eu já ouvi esta frase de um affair: "mentiras sinceras me interessam"... Fiquei indignada, mas enfim cada com sua escolha...

    ResponderExcluir
  2. novidade vc querer comer japa.....

    ResponderExcluir